No depoimento à CPI das Apostas nesta terça-feira, 13, Virgínia Fonseca chamou atenção não apenas pelas falas, mas também pelo visual escolhido. Moletom com o rosto da filha, cabelo solto, óculos de armação leve e um copo Stanley rosa criaram uma imagem que destoou do ambiente político-formal do Senado. A influenciadora digital, investigada por divulgação de sites de apostas ilegais, optou por uma estética despretensiosa, quase juvenil.
Para entender o que esse visual comunica, o Portal A TARDE consultou Clara Laface, consultora de imagem e especialista em comunicação não verbal. Segundo ela, a escolha parece “estrategicamente pensada”.
Cada aparição de Virgínia tende a ser cuidadosamente construída, e neste caso, ela reforça uma imagem de vulnerabilidade e doçura, contrastando com o contexto de julgamento público
Suavidade visual como estratégia de comunicação
Segundo Clara, usar moletom com o rosto da filha e acessórios informais cria uma estética que comunica acessibilidade, familiaridade e até ingenuidade. “Ela manipula o enquadramento simbólico da sua imagem. Em vez de se apresentar como uma figura de poder, assume uma postura mais frágil, o que pode gerar empatia e atenuar julgamentos”, avalia.
A especialista aponta que essa tática não é nova e costuma ser usada por figuras públicas em momentos de crise. “Cores claras, looks casuais e pouca maquiagem são elementos visuais clássicos para suavizar a imagem. Tudo isso ativa gatilhos emocionais no público, que tende a associar a imagem a valores como humildade ou inocência”, destaca.
O visual também comunica — e pode distorcer
“É possível manipular a percepção pública apenas com a imagem, sem dizer uma palavra”, afirma Clara. De acordo com ela, isso acontece porque a linguagem visual ativa julgamentos automáticos, inconscientes.
A estética tem o poder de influenciar como interpretamos alguém, mesmo antes que essa pessoa se pronuncie. Por isso, ética e imagem precisam caminhar juntas