O presidente Lula (PT) falou sobre o legado do ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, nesta quinta-feira, 15, durante o velório do uruguaio. O chefe do Executivo e Mujica eram amigos. Em dezembro do ano passado, o petista visitou a casa do uruguaio.
“O que é gratificante para nós seres humanos é que uma pessoa como Pepe Mujica não morre. Se foi o corpo dele, a carne dele se vai, mas as ideias que Pepe Mujica plantou em todos esses anos, inclusive, a generosidade de um homem que passou 14 anos no cárcere e que conseguiu sair para a liberdade sem nenhum ódio das pessoas que o aprisionaram, o torturaram. Isso é uma dádiva de Deus”, disse o petista na cerimônia fúnebre.
O presidente considerou como “perda irreparável” a morte do ex-mandatário do Uruguai e relembrou também a morte do papa Francisco ao prestar homenagem a Mujica.
“Saio daqui com muita tristeza, porque nós tivemos aqui nos últimos 15 dias duas perdas irreparáveis: o papa Francisco, que era um ser humano muito muito muito especial, com uma concepção humana muito grande, com uma generosidade acima da média da humanidade, e agora o Pepe Mujica o acompanha”, disse Lula à imprensa.
Também no mês de dezembro, o ex-presidente uruguaio foi condecorado com a medalha da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta honraria brasileira.
José Mujica morreu na última terça-feira, 13, aos 83 anos após lutar contra um câncer que se espalhou por outros órgãos do corpo.
Homenagens
A morte do ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, causou comoção na sessão do plenário da tarde desta terça-feira, 13, na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). Os deputados estaduais paralisaram as falas do grande expediente e cumpriram um minuto de silêncio em homenagem ao uruguaio.
O primeiro a se manifestar no plenário da Alba foi o deputado estadual Fabrício Falcão (PCdoB), que informou a morte de Mujica e homenageou o uruguaio, que se tornou uma das principais referências da esquerda na América Latina e no mundo.
“Ele, com certeza, viverá para sempre em torno daqueles que lutaram contra as tiranias na América Latina, no Brasil e no mundo. Pepe Mujica vive para sempre no coração daqueles que amam e lutam pela democracia”, declarou Falcão.
Relembre trajetória de Mujica
Ex-guerrilheiro durante o período da ditadura militar que vigorou entre 1973 e 1985, o político foi responsável por importantes transformações no país.
Foi no período em que Mujica esteve presidente do Uruguai, em 2013, que o país se tornou o primeiro no mundo a legalizar o uso pessoal da maconha a nível nacional. O movimento pioneirou tinha como objetivo enfrentar o tráfico.
Mujica também ficou conhecido por ser um defensor da política de integração da América do Sul. Colunista do Grupo A TARDE, o analista Cláudio André de Souza ressaltou o peso do uruguaio no cenário latinoamericano.
“Mujica foi uma liderança importante na política latinoamericana em torno de uma agenda mais igualitária. Ao mesmo tempo, ele também somou esforços para uma perspectiva de entender a importância da integração da América Latina, e pela perspectiva de trazer um campo mais ideológico, de pensar um projeto de sociedade”, destacou o cientista político ao Portal A TARDE.
Pepe Mujica
José Alberto Mujica nasceu em 20 de maio de 1935. Membro da guerrilha Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros, que fez frente à ditadura militar do Uruguai, ‘Pepe’, como era popularmente conhecido, ficou preso durante 14 anos, sendo liberado apenas em 1985.
Pepe Mujica foi ministro da Agricultura do Uruguai, entre 2005 e 2008. Logo depois, entre 2010 e 2015, foi presidente do país. Ao deixar o cargo, se tornou senador da República.
Mujica enfrentou um câncer no esôfago, doença que acabou se espalhando por todo o corpo. O ex-presidente deixa esposa, Lucía Topolansky, senadora.