Marido da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), o coronel Aginaldo Oliveira pediu licença da Secretaria Municipal de Segurança Pública de Caucaia, cidade do interior do Ceará, aproximadamente duas semanas antes de a parlamentar anunciar que havia deixado o país. Zambelli, que foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão pelo ataque hacker aos sistemas do Judiciário, saiu do Brasil pela fronteira com a Argentina, de onde viajou para os Estados Unidos.
Segundo a prefeitura do município, o afastamento do cargo de secretário de Segurança Pública de Caucaia foi requerido inicialmente em 21 de maio para um período de apenas nove dias e que a licença teve como motivo “doença em pessoa da família”. “Após esse período, o secretário formalizou um novo pedido de afastamento, desta vez por 30 dias, a fim de acompanhar um familiar em tratamento de saúde. Conforme nova portaria publicada, o retorno às atividades está previsto para 1º de julho”, informou a prefeitura em nota, de acordo com reportagem publicada hoje em O Globo.
O marido de Zambelli disputou a prefeitura da cidade nas eleições de 2024 com apoio pessoal do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O coronel, entretanto, ficou em quarto lugar. Em janeiro deste ano, Aginaldo foi nomeado secretário. Ao comunicar que viajou para os Estados Unidos, a deputada alegou estar em tratamento de saúde devido a uma síndrome rara. Ela também solicitou licença da Câmara dos Deputados em maio por esse motivo.
Na terça-feira (03), a parlamentar anunciou que não retornará ao Brasil e que deve seguir para a Itália, pouco depois de ser condenada pelo Supremo. Zambelli deixou o país antes da conclusão do julgamento de todos os recursos contra sua condenação, que pode resultar no cumprimento imediato de prisão e na perda do mandato parlamentar. A sentença está relacionada ao envolvimento da deputada nas invasões ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), Zambelli e o hacker Walter Delgatti, mais conhecido no mundo dos cibercriminosos como “Vermelho”, foram responsáveis por elaborar e inserir diversos documentos falsos no sistema do CNJ. Entre eles, estava um mandado de prisão forjado contra o ministro Alexandre de Moraes, redigido como se tivesse sido assinado pelo próprio magistrado. O documento foi inserido no Banco Nacional de Mandados de Prisão, vinculado ao CNJ.