O Sindicato dos Trabalhadores em Turismo, Hospitalidade e de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (Sitratuh) de Joinville, em Santa Catarina, se manifestou sobre a demissão de Jair José Aguiar da Rosa, de 36 anos, ex-gerente da cafeteria Havanna, após uma polêmica com padre Fábio de Melo.
O Sitratuh criticou a postura do estabelecimento. Vale lembrar que o gerente perdeu o emprego após o religioso reclamar do atendimento no local. “A Sitratuh vem a público manifestar veemente repúdio à conduta da empresa que demitiu um de seus empregados após a divulgação, por um influenciador religioso de grande alcance, de um vídeo nas redes sociais relatando suposto mau atendimento em uma de suas lojas”, diz o comunicado.
De acordo com o sindicato, a empresa não teria apurado os fatos de forma adequada e visou apenas minimizar os impactos negativos da sua reputação e “culpabilizou injustamente e isoladamente o empregado através da imediata dispensa”.
“O empregado foi alvo de um típico ‘exposed’ nas redes sociais, sendo injustamente transformado em alvo de cancelamento virtual, com sua imagem (vídeo de câmeras internas) circulando nacionalmente sem qualquer apuração prévia dos fatos”, completou.
Relembre o caso
O padre Fábio de Melo foi detonado pelo ex-gerente da cafeteria Havanna. O homem disse que, após um vídeo publicado pelo religioso nas redes sociais, foi massacrado com comentários negativos referentes ao trabalho que realizou e que isso ocasionou a demissão dele.
“Estão me massacrando, ele [o padre] destruiu a minha vida. Se o padre me chama e fala: ‘Seu gerente, olha, está acontecendo isso’, se a gente dialogasse, a conversa era diferente. Eu jamais fui desrespeitoso. Nem sequer falei com o padre. No entanto, minha imagem foi destruída”, relatou o ex-gerente em entrevista ao site NSC Total.
O que aconteceu?
O funcionário contou que estava arrumando enfeites do Dia das Mães quando Fábio de Melo entrou na loja, por volta das 14h50 do último dia 10, mas ninguém o reconheceu. Quem foi ao caixa e questionou o preço foi um homem da equipe do padre, que vinha logo atrás.
“Foi quando a menina do caixa me chamou para perguntar: ‘Qual o preço do doce de leite?’ Eu falo que o doce de leite zero custa R$ 69 e o normal custa R$ 43,90. Mas ela afirma que o rapaz [da equipe do padre] teria visto por R$ 43,90. Eu vou até a prateleira e pego a placa que está lá. Vou na parte da cozinha e pergunto para o pessoal da minha equipe se alguém teria mudado ela de lugar”, detalhou.
O ex-gerente, que afirmou ter descoberto a demissão apenas pelos jornais, seguiu: “Mas percebo que a placa está lá, em uma posição errada, mas com o verdadeiro valor. Eu volto, passo pelo padre. Ele está me seguindo, mas não fala comigo em nenhum momento. Falo com a menina e sigo de volta para o meu trabalho”.
O que diz o padre?
O padre explicou que gravou o vídeo não para fazer uma denúncia, mas um alerta, “para que as pessoas que trabalham no comércio saibam que elas não estão acima do bem e do mal”. Fábio de Melo contou que escolheu dois potes de doce de leite sem açúcar e, quando chegou no caixa para pagar, “o valor que estava sendo cobrado era muito maior do que a soma dos dois potes com o preço que estava na estante”.
Além disso, o religioso disse que o então “gerente se adiantou, extremamente deselegante, afirmando que ‘o preço está errado, se quiser levar, o preço certo é este’”.
Após o caso viralizar, a cafeteria Havanna de Joinville falou que recebeu “com muita atenção e preocupação o relato de um cliente que se sentiu mal atendido em nossa unidade”.
E revelou: “O colaborador envolvido no ocorrido já não faz mais parte do nosso quadro de funcionários”. Segundo o ex-gerente, a decisão pela demissão não teria partido dos donos da loja catarinense, mas da Havanna Brasil, na tentativa de “limpar” o nome da marca.
Vídeo desmente padre Fábio de Melo
Um vídeo de câmera de segurança vazado nas redes sociais mostra imagens que contradizem a versão dada inicialmente pelo religioso, e embasam o relato de Jair José Aguiar da Rosa.
Na gravação, é possível ver que quem se dirige ao caixa para questionar o valor de um produto não é o padre, e sim um homem de camiseta regata vermelha, que o acompanha. O ex-gerente, por sua vez, aparece calmo ao lidar com a funcionária e com o cliente.
Amigo do padre se pronuncia
O homem que estava ao lado do padre Fábio de Melo durante uma confusão em uma cafeteria, que terminou com a demissão do gerente do estabelecimento, falou pela primeira vez sobre o ocorrido.
O amigo do padre foi identificado como Leandro Rodrigues, Natural de Rio Claro (SP). Com cerca de 33 mil seguidores no Instagram, Leandro é conhecido por produzir conteúdo voltado ao universo fitness e disse que nunca postou nada para se expor.
“Nunca postei e nunca postaria algo para me expor desnecessariamente. Meu conteúdo era apenas sobre academia”, escreveu nas redes sociais.
Com a ampliação da repercussão, ele optou por tornar seu perfil privado e se manifestou sobre as críticas que passou a receber.
Rumores começaram a circular nas redes sociais, sugerindo que Leandro manteria perfis em sites de conteúdo adulto, o que foi negado por ele. “Agora estou em outra fase da vida, até o conteúdo de academia abandonei. Um abraço a todos”, declarou.